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Município e engenheira do CPRM divergem sobre previsão de inundação


Por Redação / Agora no Vale Publicado 14/07/2020
 Tempo de leitura estimado: 00:00
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A engenheira hidróloga do Serviço Hidrológico do Brasil (CPRM), Andrea Germano, afirma que foram enviados 30 alertas de enchente de grandes proporções para Lajeado. Com isso, afirma que a Defesa Civil do município poderia ter advertido a população sobre a cheia que se consolidou como a maior em 64 anos.

De acordo com a engenheira, o primeiro boletim foi emitido no dia 7 de julho, por volta das 19h, quando o Rio Taquari ultrapassou 15 metros. A previsão era de que a cheia passaria da cota nas 12 horas seguintes. No dia 8 de julho, um novo comunicado foi enviado, com a previsão de 20 metros. E, assim, segundo Andrea, os avisos foram sendo emitidos sucessivamente. 

Por fim, a engenheira afirma que, na última quinta-feira, 9, por volta das 2h, o satélite responsável por enviar informações sobre a coleta não transmitiu dados até as 8h. No entanto, ela afirma que a cota do rio já estava em 27 metros, e todos os avisos foram emitidos previamente por meio dos boletins. “Temos um sistema de monitoramento de níveis e chuvas na bacia do Taquari, e quando os níveis dos rios atingem as Cotas de Alerta (laranja no nosso Sistema) iniciamos as previsões de níveis e enviamos via boletins extraordinários”, relata a engenheira. “Estes boletins também ficam na página do sistema. Entre o dia 07 e 08/07 antes de atingir a cota máxima enviamos 4 Boletins sempre atualizando as previsões. Da nossa parte não teve erro”.

Ela entende que os modelos são calibrados para eventos extremos, baseados nas observações que constam na série histórica, e o evento que ocorreu “nunca havia sido observado em dezenas de anos monitoramento, ou seja, além de incerteza inerentes à modelagem, nunca houve evento semelhante para utilizar na calibração”.

O que diz o Município

Já a prefeitura contesta as informações. Por nota, afirma que nunca negou o envio de informações, mas sim que o sistema havia falhado na coleta e publicação das informações. “Houve falha na manhã do dia 08/07, mais precisamente nas leituras das 8h e 9h, e também nas informações da madrugada no dia 09/07, o pior momento da cheia, quando o sistema chegou a informar que o rio havia alcançado mais de 28 metros na madrugada. Inclusive, estes erros foram tema da imprensa regional na madrugada. As informações foram corrigidas pelo menos duas vezes no início da manhã do dia 09”.

Além disso, de acordo com informações da Administração Municipal, os boletins mencionados pela engenheira apresentavam previsões que se mostraram com grande margem de erro em diversos momentos entre os valores previstos e ocorridos.

“Por exemplo, no boletim enviado no dia 07/07, às 19h (quando o rio estava em 15,43m), a CPRM estimava que, dentro de 12 horas, o nível do rio “provavelmente, atingirá valores entre 17 e 18m”, conforme imagem em anexo. Às 7h do dia 08/07, o rio alcançou o nível de 23,03m ou seja, se o município tivesse confiado nos dados disponibilizados pela CPRM, não teria sido necessário retirar ninguém de casa, já que a cota de inundação, de 19,80m, não teria sido atingida. Foi um erro de mais de 5 metros em um momento crítico em que a maior parte das casas seria atingida. Mas, de forma preventiva e acertada, a Defesa Civil municipal agiu cedo e começou a retirar famílias de suas residências a partir das 18h do dia 07/07, o que permitiu que evitou perdas e prejuízos a dezenas de famílias.

Um outro exemplo, já mais próximo do que veio a ser o pico da cheia, ocorreu no boletim enviado no dia 08/07, às 14h (quando o rio estava em 25,78m). Nele, a CPRM previa que o rio Taquari poderia atingir entre 25,90m e 26,30m às 18h em Estrela, mas o nível real alcançado foi de 26,62m. Estes 32cm, com o rio a esta altura, fazem grande diferença para prevenção de danos.”

O município afirma que reconhece a importância do sistema de monitoramento, porém considera que são necessários aprimoramentos, como a ampliação do número de estações de monitoramento ao longo da bacia hidrográfica. Além disso, considera que as previsões devem ser melhor calibradas para reduzir os erros, ampliar a precisão dos dados e, assim, se tornar uma fonte confiável de informação. Adianta que já está em tratativas com os órgãos estaduais e federais responsáveis para buscar melhorias para toda a região, de modo que não apenas Lajeado, mas os demais municípios do Vale do Taquari possam melhor prever as respostas a eventos deste tipo.