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Famílias afegãs são acolhidas pelo CRAS Espaço da Cidadania em Lajeado


Por Redação / Agora no Vale Publicado 19/08/2022
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Após sofrerem ameaças e serem praticamente expulsos do seu país de origem, refugiados do Afeganistão buscaram em Lajeado uma forma de recomeçar. São oito famílias atendidas pelo Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) Espaço da Cidadania, da Secretaria de Desenvolvimento Social (SMDS), da Prefeitura de Lajeado.

Eles vieram ao Brasil com poucas economias após o Afeganistão entrar em crise econômica e humanitária. As famílias procuraram o CRAS a partir de março deste ano, buscando auxílio com alimentação, trabalho, moradia e educação. Conforme o psicólogo do Centro, Sérgio Pezzi, a partir desta demanda, a equipe do Centro organizou os serviços necessários para o acolhimento e trabalhou para oferecer suporte às carências das famílias.

O Centro de Referência Vestir&Ser, criado para receber e selecionar peças de vestuário doadas pela comunidade e reencaminhar para famílias em situação de vulnerabilidade, foi a solução para os refugiados suprirem a necessidade de vestimentas. As afegãs atendidas pelo CRAS relatam que o uso de véu islâmico (de preferência a burca) é uma exigência do governo local (Talibã) às mulheres. Aqui, algumas ainda utilizam um véu na cabeça.

O persa é o idioma oficial do país e esta foi uma das dificuldades encontradas pelos refugiados ao chegarem no Brasil. A comunicação entre a equipe do CRAS e os afegãos é em inglês, mas nem todos imigrantes dominam o idioma. O psicólogo relata que essa também foi uma dificuldade na busca por emprego aos refugiados.

O grupo é composto, em sua maioria, por advogados, economistas, motoristas, engenheiros e professores. No país de origem, a maioria dos refugiados trabalhava em agências governamentais. Em Lajeado, todos os homens estão empregados em uma empresa de frigorífico. Conforme Pezzi, nesta função não é necessário o domínio do português.

Em busca de novas oportunidades para os afegãos, o CRAS auxilia as famílias em processos seletivos para outros cargos. As famílias participam de oficinas de língua portuguesa com uma professora voluntária. Já as crianças estudam em escolas do município, por intermédio da Secretaria de Educação. 

As famílias também foram incluídas no fornecimento de cestas básicas da SMDS. Móveis, eletrodomésticos, utensílios domésticos e brinquedos foram conseguidos por meio de ações e doações da sociedade civil e de instituições e de empresas como a Gota Limpa, JCI, Acil e Univates.

O psicólogo explica que o CRAS também presta apoio em relação a questão documental, como renovação de visto e documentos necessários para permanecer no Brasil. Segundo ele, há um contato direto com a Polícia Federal para agilizar esses documentos.

Além das famílias afegãs, o CRAS também atende imigrantes marroquinos, malianos, angolanos, haitianos, bangladeshes e uma família iraniana.

– Esse acolhimento é de fato a assistência social, uma política pública tão relevante, que tem que olhar e acolher todos cidadãos, sejam eles brasileiros ou imigrantes. Lajeado oferece esse apoio para todos que necessitam. A SMDS está sempre de portas abertas para acolher e auxiliar no que for necessário – destaca a secretária de Desenvolvimento Social de Lajeado, Céci Gerlach.

Integração

Os encontros com as famílias afegãs ocorre a cada 15 dias no CRAS. Na segunda-feira, 15/08, a equipe de assistência e as mulheres imigrantes organizaram uma oficina com músicas típicas e desenhos de uma arte com henna (tinta extraída de um fruto com cor acobreada) na pele. Essa técnica é feita em datas comemorativas como um ritual, principalmente em casamentos, nos quais as festas duram cerca de dois dias na cultura local. Desenhos como rendas e florais dominam a arte.

Para promover um intercâmbio cultural foram convidadas famílias de Lajeado atendidas pelo CRAS Espaço da Cidadania para participar da oficina. A parte inicial do encontro foi reservada para perguntas sobre a cultura, os costumes e vivências no país do Oriente Médio. Após, o momento foi de confraternização com danças típicas e desenhos com a técnica de henna.

A estagiária do CRAS, Carolina Assmann, que faz parte da equipe que atende o grupo afegão, destaca que a técnica com a henna é ensinada entre as famílias, normalmente passada de avós para filhas e depois para netas, mas que não é obrigatório na cultura.

A afegã Palwasha relata estar muito feliz e acolhida no CRAS. Segundo ela, a oficina é muito importante para a integração com pessoas locais.

– Está sendo muito importante. Desenhar com henna me leva de volta ao meu país, às minhas memórias, aos meus familiares. É muito bom voltar a fazer esses desenhos e revisitar minhas memórias – esclarece Palwasha.

Sobre a técnica de henna, Palwasha relembra que em casamentos os desenhos são maiores e com mais detalhes e, por isso, as mulheres que estão sendo desenhadas chegam a dormir durante o ritual.

Texto e fotos: Laura Mallmann