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Relógios feitos por mãos de relojeiro de Estrela marcam a história


Por Redação / Agora no Vale Publicado 12/06/2019
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Alguns dos trabalhos se localizam em pontos de destaque, como no obelisco na fronteira Brasil/Uruguai

“Quis ele deixar a sua obra a nos advertir constantemente que devemos aproveitar bem o nosso tempo”, indica uma nota do Rotary Clube de Estrela de 1952, ano da morte do célebre relojeiro Bruno Schwertner. Os ponteiros de seus trabalhos, expostos em torres de igreja, prédios públicos e monumentos, ainda marcam o tempo em diversas cidades do país. 

Imigrante, Schwertner morou em Estrela por 59 anos. A importância dele para o município está marcada em uma rua que leva seu nome, nas proximidades do parque Princesa do Vale, a qual ainda ostenta um monumento propício em sua homenagem. 

Mas seu trabalho também resiste ao tempo em diversos outros locais. Estima-se a existência de cerca de 220 relógios pendulares instalados nas regiões sul e sudeste do país, de acordo com o estrelense Roque Schwertner, neto do relojeiro. 

Uma das engrenagens mais célebres foi instalada no obelisco da Fronteira da Paz, monumento que faz a divisa entre Brasil Uruguai. O relógio que marcou por anos o horário de Brasil e Uruguai hoje está desativado por falta de manutenção, mas seu mecanismo permanece no subsolo do monumento e pode ganhar restauro do poder público e empresários de Santana do Livramento. 

É um símbolo da cidade que merece o respeito. A intenção foi divulgada durante uma reportagem do jornal online Sentinela 24H. Após a publicação do vídeo, a secretaria de Serviços Urbanos enviou uma equipe para consertar fiações do local, por anos abandonado.

Obelisco da Paz, na divisa com o Uruguai

Um gênio autodidata
Roque conta com carinho a história do avô, o qual teve pouco tempo para conhecer. Bruno Schwertner nasceu em 1873, na região de Langwasser, hoje território alemão, e chegou a Estrela na adolescência, por intermédio de dois irmãos dele que já moravam por aqui. Como já trabalhava com consertos e funilaria na Europa, começou a acumular trabalhos do tipo em Estrela, enquanto conciliava o trabalho na roça. 

Sua vida mudou de curso quando lhe surgiu o trabalho de restauração do relógio da igreja matriz de Estrela. Ali, precisou ser autodidata para entregar devolver inteiro o mecanismo em três meses. A partir da dali as encomendas surgiram em sequência. De acordo com Roque, seu avô tinha intenções de viajar para a Suíça para aperfeiçoar seu trabalho, mas a eclosão da Primeira Guerra Mundial o manteve em Estrela e o obrigou a aprender cada vez mais por livros, erros e acertos. 

Entre os primeiros relógios fabricados está o da igreja matriz de Taquari e da igreja matriz de Lajeado, por volta de 1925. Na região do Vale do Taquari também há em Arroio do Meio, Colinas, Encantado, Muçum, Nova Bréscia, Roca Sales, Relvado e Santa Clara do Sul. 

Roque Schwertner, neto do relojeiro

Saiba mais
Bruno Schwertner morreu no dia 17 de julho de 1952, deixando 14 filhos. Um documento do Rotary Clube de Estrela, do qual Bruno era fundador, faz as seguintes considerações: “Deixou-nos ele os mais brilhantes ensinamentos, e, portanto, herdamos todos nós, os estrelenses, o que de melhor podia nos legar – o exemplo de como em verdade se deve viver. E os relógios nos advertem que o tempo passa. Quis ele deixar a sua obra a nos advertir constantemente que devemos aproveitar bem o nosso tempo”. 

Para quem quiser mais informações sobre o célebre relojeiro e muitas outras personalidades do município, a dica é ler os livros Perfis de Estrela I e Perfis de Estrela II, de autoria do médico Werner Schincke. Os exemplares estão à venda na livraria Paladino, no centro de Estrela. São coletâneas que trazem informações sobre o município a partir de escritos de 1940 a 1967, de Rudolfo Maria Rath, correspondente do Diário de Notícias de Porto Alegre.

por Leonardo Heisler
redacao@agoranovale.com.br