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Pais se mobilizam para volta às aulas presencial


Por Redação / Agora no Vale Publicado 04/04/2021
 Tempo de leitura estimado: 00:00
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Em Lajeado protesto pacifico ocorre no próximo sábado dia 10. Outras cidades da região e estado também farão manifestações

Uma mobilização de pais ocorre em todo estado para o retorno das aulas presenciais. Eles querem que seja “opcional” e de decisão dos pais o retorno dos alunos para o ambiente escolas. Com isso os responsáveis terão a escolha de levar ou não os filhos até a escola. Em Lajeado, uma manifestação pacífica ocorre no próximo sábado, dia 10, com carreata.

O encontro está marcado para as 10h. A saída será no Parque do Imigrante, até a Univates, depois percorrerem a Alberto Pasqualini, Benjamin Constant até a praça do chafariz. Em seguida seguem até a prefeitura de Lajeado. No local farão uma manifestação pacifica e recolherão material escolar ou alimento para doação. Ato semelhante é organizado em diversas cidades do RS.

Todo esse movimento é organizado por pais pelas redes sociais e grupo coletivo no telegram chamado PAIS PELA EDUCAÇÃO NO RS. Clique aqui para participar.

Os pais estão preocupados com o avanço do aprendizado dos filhos e também com problemas de saúde mental que o isolamento está causando para muitos. Em carta criada por médicos gaúchos eles afirmam que “a privação das aulas presenciais mais do que um problema educacional é um grave problema de saúde pública.” Leia na íntegra abaixo.

Médicos pedem retorno das aulas

Uma carta ao Cremers circula virtualmente buscando assinaturas de mais médicos gaúchos para o retorno das aulas presenciais. Segue na íntegra o que pensam médicos que trabalham na linha de frente contra o Covid 19.

“Prezado Sr. Carlos Isaia Filho Presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul. Nós, mães e pais médicos do Rio Grande do Sul, vimos por meio desta reforçar nossa grande preocupação com as repercussões no aprendizado e cognição, além das questões biopsicossociais das nossas crianças gaúchas, que este mais de um ano de pandemia ocasionou, com a privação das aulas presenciais no Estado. Os últimos dados epidemiológicos brasileiros, segundo a Nota Técnica publicada pela Sociedade Brasileira de Pediatria em 17/03/2021, quando comparado o ano de 2020 com os primeiros meses de 2021 até a data de sua publicação, mostraram menor proporção de hospitalizações, mortes e taxa de letalidade nas crianças e adolescentes com faixa etária entre 0-19 anos. Estes dados corroboram com os estudos internacionais, reforçando que as crianças apresentam infecções mais brandas, índices menores de internações e óbitos, menos susceptibilidade à infecção pelo SARS-CoV-2, e casos infrequentes de síndrome inflamatória multissistêmica. Ademais, diferentemente do que se cogitou no início da pandemia, as crianças não são “super spreaders”, especialmente na faixa etária menor de 10 anos de idade. Dentro deste contexto mundial, 14 países mantiveram escolas fechadas de março/2020 a fevereiro/2021, sendo 2/3 da América Latina e Caribe. O Brasil é um destes países que manteve mais tempo de escolas fechadas, a despeito das evidências científicas de que as escolas podem ser um local seguro durante a pandemia, quando tomadas medidas adequadas de bloqueio (uso de máscaras para faixas etárias indicadas, distanciamento, higiene correta das mãos, dentre outros). A UNICEF já declarou publicamente que é uma emergência catastrófica na educação. Para muitas crianças e adolescentes que vivem em vulnerabilidade social, a escola é o local onde recebem a melhor ou talvez única refeição diária e seu ponto de apoio e segurança contra maus-tratos (abuso e violência), trabalho infantil, aliciamento para consumo de drogas e entorpecentes. De acordo com dados do Caderno de Saúde Pública do Estado, houve 54% de redução das notificações de violência contra crianças e adolescentes em 2020, em comparação com o mesmo período em 2019, sugerindo que as escolas são importantes centros de triagem, e que a privação das aulas presenciais mais do que um problema educacional é um grave problema de saúde pública. No dia 30/03/2021, a Sociedade Brasileira de Pediatria, mostrando sua preocupação com as crianças brasileiras, publicou novo documento científico, onde aborda o impacto negativo do isolamento social na aprendizagem e comportamento dos estudantes. Os prejuízos para o desenvolvimento cognitivo, socioemocional e de aprendizagem escolar propriamente dita para estudantes já estão sendo fortemente evidenciados, nacional e internacionalmente, além das estimativas de impactos geracionais de longo prazo a serem observados por pelo menos quatro décadas. Quando “especialistas” dizem que é somente um ano perdido, ignoram o fato de que o cérebro da criança tem uma janela ótima de aprendizado, período em que ela está apta para aprender e desenvolver certas habilidades, e que posteriormente poderão não ser alcançadas. Ademais, a pesquisa da própria SBP com 951 pediatras, em todo país, apontou que oito em cada dez crianças apresentaram alterações no comportamento, segundo seus pais, durante o isolamento social. Estes números estão em conformidade com o aumento de casos de ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e comportamento suicida vistos nos consultórios dos colegas médicos. A escola é um local de acolhimento e inclusão social, principalmente para aquelas com algum transtorno clínico, como dislexia, transtorno do espectro autista, dentre tantos outros, além um lugar de extrema importância para o desenvolvimento da dinâmica psicossocial por meio da qual as crianças interagem – entre elas e com os seus educadores –, cultivam vínculos e desenvolvem intensamente seu psiquismo. Além disso, é um local onde têm acesso a jogos e brincadeiras, parte tão importante do imaginário infantil, que não apenas aliviam as tensões externas que estamos vivenciando como também auxiliam no desenvolvimento físico e motor. A tecnologia deve ser ferramenta complementar no processo educacional, pois seu uso em demasia também ocasiona prejuízos oftalmológicos nas crianças. De acordo com a SBP, o tempo diante das telas deve ser o mínimo possível de acordo com cada faixa etária; contudo, com o ensino somente remoto diante de conteúdos programáticos enormes, o tempo diante da tela aumentou consideravelmente, ocasionando dependência tecnológica em algumas crianças e adolescentes. A escola tem se demonstrado um lugar de intenso aprendizado por parte das crianças em atentar e obedecer aos protocolos vigentes de prevenção de contágio da Covid-19, o que acaba gerando uma onda ainda maior de conscientização não somente entre os que frequentam o local como também entre os familiares e contatos extraescolares. Ela é, para muitos pais, a única ou principal rede de apoio para que eles possam garantir sua rotina de trabalho, inclusive, para que nós, médicos, possamos sair de casa com tranquilidade para exercer nossas funções de combate à Covid-19. Durante todo o período no qual as escolas de educação infantil se mantiveram em funcionamento, entre outubro/20 e fevereiro/21, não foram evidenciados surtos dentro do ambiente escolar no Rio Grande do Sul. Além disso, é notável o aumento de casos após os períodos de férias e feriados comemorativos, corrobora o dado de que a alta taxa de transmissão da doença se dá em aglomerações públicas ou mesmo familiares e não no âmbito escolar. De tal forma, funcionários de escolas e professores compartilham riscos semelhantes a outros profissionais de serviços essenciais. Em diversos estudos, o funcionamento das escolas não contribuiu para uma piora da curva pandêmica, reforçando que o comportamento social inadequado e sem observância às medidas sanitárias determina o aumento da transmissibilidade e agravamento do colapso de saúde. Entretanto, a manutenção do fechamento das escolas está causando danos irreparáveis ao desenvolvimento cerebral infantil e aumentando o abismo social e de oportunidades entre as crianças que estudam em escolas privadas e públicas. No dia 23/03/2021, nosso Estado aprovou a Lei 15.603/20, definindo a Educação como serviço essencial. Entretanto, hoje ainda as escolas permanecem com suas portas fechadas para a educação presencial, a despeito da reabertura de outros serviços não essenciais, contrariando as evidências científicas de que as escolas devem ser as últimas a fechar, quando todas as medidas de contenção do vírus já tiverem sido tomadas e as primeiras a abrir, quando for seguro, antes dos serviços definidos não essenciais. Consideramos e apoiamos a vacinação para professores, assistentes educacionais e profissionais escolares, uma vez que estes trabalham em um setor tão nobre e essencial para a nossa sociedade; entretanto, não vemos como cabível condicionar vacinação para reinício das aulas presenciais conforme o que foi exposto neste documento. Por fim, clamamos ao conselho que nos representa, que não seja omisso às nossas crianças gaúchas, já fragilizadas diante de tantos aspectos, e formalize o apoio ao retorno das aulas presenciais no Estado. Nos colocamos à disposição para qualquer debate. Cordialmente, Mães Médicas e Pais Médicos do Rio Grande do Sul.”