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Município toma posse da antiga fumageira


Por Redação / Agora no Vale Publicado 20/06/2019
 Tempo de leitura estimado: 00:00
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Área será transformada num local de fomento à cultura, turismo e agroecologia

Um dos locais com maior riqueza cultural e histórica de Santa Clara do Sul, a antiga área de beneficiamento de fumo (Broenstrup) localizada em Picada Santa Clara agora é patrimônio do município.

Na sexta-feira, 14 de junho, o prefeito Paulo Kohlrausch recebeu oficialmente as chaves da estrutura localizada no interior do município. O espaço foi comprado pelo valor de R$ 450 mil.

Além do prédio onde funcionava a fumageira, o local possui uma casa de alvenaria, uma garagem, um armazém e um depósito, somando uma área construída de 2,4 mil metros quadrados. No total, o imóvel tem 2,1 hectares.

De acordo com o prefeito, a ideia é restaurar a estrutura e transformar a área num espaço que receberá ações e investimentos voltados à agroecologia, cultura e turismo. Entre os propósitos está a implantação de um parque agroecológico no local visando ao beneficiamento dos alimentos orgânicos produzidos no município.

Kohlrausch enaltece a importância desse investimento para Santa Clara do Sul. “Trata-se de um espaço amplo que poderá ser utilizado para várias finalidades. Além disso, está muito bem localizado, com asfalto até em frente ao prédio. Quero compartilhar essa conquista com toda a nossa população. É respeitando a história que se constrói um futuro melhor”, destaca.

A herdeira Rosângela Ruschel se mostra feliz em saber que o espaço repleto de histórias e momentos importantes para a família e para Santa Clara do Sul será preservado pela administração municipal. “Agradeço ao prefeito e a toda a comunidade por terem compreendido a importância de eternizar o prédio da antiga fumageira que pertenceu a nossa família, o qual será transformado em algo que beneficiará toda a população”, salienta.

Opinião semelhante tem a irmã e também herdeira da área, Maria Lisete Ruschel Zen. Segundo ela, o fato de o governo municipal assumir o local e restaurar o espaço tem um valor muito grande para a família. “A gente se criou e viveu aqui. Muito gratificante ver que o trabalho iniciado por nosso avô (Fridolino Broenstrup) há 80 anos será preservado”, enaltece.

Um pouco da história

Uma das primeiras indústrias fumageiras do Rio Grande do Sul, o Broenstrup começou a operar em 1934 e funcionou até 1967. Nos 33 anos de atividades, chegou a exportar sua produção para vários países, como Holanda, França e Marrocos.

Conforme consta nos registros históricos, o primeiro funcionário da indústria foi Hugo Meurer. Instrutor de fumo, ele era natural de General Câmara. Morou em Santa Clara do Sul na época em que o município ainda era distrito de Lajeado, sendo denominado de Inhuverá. Hugo trabalhou na empresa de 1934 a 1949.

Também aparecem entre os registros como os primeiros empregados da fumageira Wedelino Boesing (instrutor), Lauro Bugs (chefe de Escritório), Osvaldo Herrmann (foguista), Carlos Maehler (classificador), Emilio Werle (caixa), Mathilde Hartmann (encavaladora), Helga Allgayer (encavaladora), Henrique Becker (instrutor), Augusto Heissler (classificador), Guilherme Feix (classificador), entre outras centenas de funcionários que fizeram história na indústria de fumo.

Entre os trabalhadores da fábrica está o casal Verno, 82 anos e Marlise Kronbauer, 76 anos. Eles moram a poucos metros da fumageira e recordam dos momentos vividos no local. “Eu trabalhava na parte do secador. No início, o fumo era trazido por carroças. Chegava a dar fila para descarregar o produto”, lembra o aposentado, que considerava o chefe Fridolino como um pai devido à relação de amizade que construíram nos três anos em que atuou na empresa.

Marlise, por sua vez, trabalhava como encavaladora. “Quando completei 20 anos, cheguei para o meu pai e disse que gostaria de trabalhar na fumageira. E foi uma boa escolha, porque parte do dinheiro que ganhamos na fábrica usamos para nos casar, o que ocorreu em 1966, um ano antes da fábrica encerrar as atividades”, conta. Lembranças que permanecem vivas não apenas na memória do casal, mas de todos que participaram da história da fumageira.

 por Rafael Simonis

Casal Verno e Marlise Kronbauer recorda com orgulho da época em que trabalharam na fábrica