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Há dois anos, Petter decidiu viver mais


Por Redação / Agora Publicado 06/06/2019
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O jornalista e radialista Marcelo Petter trocou o vício do cigarro por longas caminhadas. Ele fotografa detalhes no caminho e apura os sentidos e a capacidade de observação

Ao acumular problemas como hipertensão, diabetes e níveis de colesterol e triglicerídeos altos, o jornalista e radialista Marcelo Petter decidiu largar o tabagismo que o acompanhava por 30 anos e as desculpas que o mantiveram preso a uma rotina pouco saudável por toda a vida. “2017 foi o ano da mudança”, garante. Petter passou por cirurgia bariátrica e optou por começar a praticar a atividades físicas, das quais uma tornou-se um hobby: caminhar por locais diferentes e fotografar o trajeto. “A cirurgia bariátrica, claro, é protagonista na perda de peso, mas de pouco efeito se não for acompanhada por reeducação alimentar e atividade física”.

A nova rotina lhe apurou o senso de observação sobre a paisagem e seus elementos, o comportamento das pessoas, dos animais. “E isso acaba levando a análises muitas vezes mirabolantes”, brinca o jornalista. “Me coloca diante de situações que me desafiam, me questionam, me encurralam. Mas também iluminam. Aliviam. Esclarecem”.

Petter coordena a Rádio Univates FM, de Lajeado. Conversamos com ele sobre os benefícios da nova rotina. Confira.

Entrevista

Jornal Agora no Vale – De que forma você se motivou a começar a caminhar e fotografar, e quando?
Marcelo Petter – O motivo inicial foi a saúde. Depois de muitos anos de sedentarismo e péssimos hábitos, nada mais justo que o corpo venha cobrar o relapso que o habita. Problemas como hipertensão, diabetes, níveis de colesterol e triglicerídeos altos, enfim uma série de comorbidades me levaram a me submeter a uma gastroplastia. Realizar uma intervenção desse tipo implica não só o ato cirúrgico, mas uma mudança radical de hábitos. Essa mudança, entre tantos outros benefícios, me trouxe o hábito de caminhar, que por conseguinte se associou ao de fotografar o caminho e assim por diante. 2017 foi o ano da mudança.

Agora no Vale – Como essa prática alterou a sua vida, no sentido de saúde, rotina, modo de pensar, etc?
Petter – Primeiro tomei consciência que frases como “adoraria poder fazer isso, mas não tenho tempo”, “só se o dia tivesse mais de 24 horas”, “já caminho quilômetros em meu trabaho durante o dia”, não passam de meras desculpas e sabotagens as quais nos submetemos por preguiça, vergonha, arrogância, etc. A cirurgia bariátrica, claro, é protagonista na perda de peso, mas de pouco efeito se não for acompanhada por reeducação alimentar e atividade física.

Dos cinco tipos de medicação que usava diariamente só restaram lembranças. Péssimas por sinal. A rotina de andar, academia, praticar esporte pode até causar um certo desconforto no início, mas isso passa tão rápido e os benefícios que se alcança são tão perceptívies que não se quer mais parar. E sim, mudou muito o meu modo de pensar. Tanto que na sequência eliminei outro péssimo hábito que levava comigo há maios de 30 anos: o tabagismo. Hoje quando falo disso, parece que estou falando de outra pessoa. Como canta o nobre Fughetti Luz 

“Falo, da vontade de viver,
Canto, pro homem novo nascer
Sonho, que posso realizar
Quero, poder me ultrapassar
Noite, o dia veio trazer
O sol pra te abraçar
Já clareou”

E acabou “clareando” também um olhar diferente sob os caminhos que andava. Esse andar que muitas vezes, principalmente no início, era sem rumo me permitiu outros olhares aos habituais da rotina que passam despercebidos. Uma foto aqui, outra acolá. Descobertas. Plim: virou vício. Costumo dizer que, lamentavelmente, pouco aproveitei tecnicamente das aulas de fotografia na faculdade. Relapso, reconheço. Porém, as longas conversas que tinha com o professor da disciplina, uma lenda da fotografia, talvez tenham despertado, inconscientemente, um modo um pouco diferente de ver o mundo. Grande Rogerio Soares.

Agora no Vale – O que essas caminhadas representam para ti e o que ocorre durante ela? Pergunto se isso acaba desenvolvendo o senso de observação, organiza os pensamentos, traz ideias, etc.
Petter – Sim, total. Senso de observação apura sobremaneira. Apura também os sentidos. Se percebe desde a paisagem, as pequenas coisas que dela fazem parte, ao comportamento das pessoas, dos animais, daquilo e daqueles que cruzam por mim. E isso acaba levando a análises muitas vezes mirabolantes (risos), enfim, me colocam a pensar sobre várias coisas conforme elas vão surgindo. Me coloca diante de situações que me desafiam, me questionam, me encurralam. Mas também iluminam. Aliviam. Esclarecem. É o encontrar-se consigo “level hard”. Claro, é o que acontece comigo. Minha percepção. A eterna busca. O Eterno agora. Acredito que isso transpareça em alguns registros.

Agora no Vale – Há um planejamento sobre trajetos, tempo, etc, ou isso vem de última hora? Quais são os locais que mais costuma caminhar e por quê?
Petter – Geralmente vem de última hora, exceto quando faço um trajeto mais longo, tipo Colinas/Estrela, por exemplo. Aì até a ansiedade aparece pra contribuir com a adrenalina que começa a dar aquele “oi, tamo junto”. Gosto muito de caminhar por trajetos no interior, às margens do nosso lindo e desrespeitado Taquari; outras vezes por dentro da cidade mesmo, relembrando locais de minha infância, descobrindo novos lugares. Curto demais andar na beira do mar, também. A imponência dessa força, somada à grandeza do céu me coloca na posição de apenas mais um graozinho de areia como aqueles em que piso. Humildade, respeito, amor e gratidão fazem transcender aquele corpo que poderia estar tão somente em de maior qualidade de vida física. Risos, lágrimas, conversas em voz alta, tudo isso traz a vida à flor da pele. É difícil de explicar. Mas é muito bom. Claro que a música é minha eterna parceira nisso tudo.

Agora no Vale – Cite algum trajeto que lhe marcou, de qualquer forma.
Petter – A primeira vez que fui á Colinas marcou bastante. Por ter sido um desafio. Ainda estava me acostumando com esse tipo de atividade física e foi uma superação. O que me levou a ter certeza de que algo bem ainda por vir: o Caminho de Santiago de Compostela. Oxalá seja em breve.

por Leonardo Heisler
redacao@agoranovale.com.br