Sobe o número de indiciamentos de cirurgião plástico por lesões em pacientes em Porto Alegre


Médico já responde a 76 inquéritos e 20 processos judiciais; acusações incluem lesões graves e estelionato.
A Polícia Civil concluiu mais seis inquéritos contra o cirurgião plástico L.F. em Porto Alegre, elevando para 11 o número de indiciamentos por lesões corporais graves e outros crimes relacionados a procedimentos estéticos. L.F. atuava no Hospital Ernesto Dornelles, de onde foi afastado em janeiro de 2024.
Acusações e investigações
Além de lesões graves, L.F. foi indiciado por estelionato, crime contra o consumidor, concussão e associação criminosa. Segundo o delegado A.R.P., responsável pelo caso, o médico delegava cirurgias a residentes e profissionais sem qualificação adequada, sem o consentimento dos pacientes.
“De 727 cirurgias, 481 necessitaram de reoperações. Laudos indicam lesões decorrentes desses procedimentos. São fatos extremamente graves,” afirmou o delegado.
Entre 2020 e 2023, pacientes relataram complicações graves, como infecções, mutilações e deformações, além de cobranças extras por procedimentos realizados via plano de saúde.
Histórico de denúncias
O caso mais antigo sob investigação ocorreu em 2019, e o mais recente, em 2023. Em fevereiro de 2024, a Justiça suspendeu o direito de L.F. de realizar cirurgias e apreendeu seu passaporte. Ele também foi proibido de contatar ou se aproximar de vítimas. Em abril, obteve autorização para clinicar novamente, mas segue impedido de operar.
O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio Grande do Sul (Cremers) informou que acompanha o caso e mantém sindicâncias sob sigilo.
Defesa e hospital
O g1 tenta contato com a defesa de L.F. O Hospital Ernesto Dornelles afirmou que já tomou medidas internas e aguarda decisões judiciais. Uma investigação anterior do hospital não encontrou irregularidades nos procedimentos realizados.
A Polícia Civil continua apurando os fatos para responsabilizar o médico por possíveis novas denúncias.