Justiça nega liberdade para mãe acusada de matar gêmeas em Igrejinha


Mulher de 42 anos está presa desde outubro, acusada das mortes das filhas, de seis anos, ocorridas em um intervalo de oito dias
O Tribunal de Justiça negou o pedido de liberdade da mãe acusada de matar as gêmeas M.P. e A.P., de seis anos, em Igrejinha, no Vale do Paranhana. A mulher, identificada como G.D., 42 anos, está presa desde outubro do ano passado e é ré pelos assassinatos das filhas. A decisão foi tomada pelos desembargadores da 1ª Câmara Especial Criminal.
Mortes em intervalo de oito dias
No dia 7 de outubro de 2024, M.P. morreu por hemorragia pulmonar. Oito dias depois, sua irmã, A.P., apresentou sintomas semelhantes e também faleceu na residência da família, no bairro Morada Verde. A polícia passou a investigar a possibilidade de envenenamento.
Os sintomas das crianças indicavam aspiração de secreção sanguinolenta, sugerindo um sangramento interno possivelmente causado por substância tóxica exógena. Diante disso, o corpo de M.P. foi exumado para análises periciais. Inicialmente, não havia suspeita de violência.
Análises periciais não encontraram veneno
A Polícia Civil indiciou G.D. em dezembro, e no mesmo mês, o Ministério Público apresentou denúncia contra ela. A investigação foi concluída antes da finalização dos exames toxicológicos, que posteriormente descartaram a presença de venenos ou sedativos nos restos mortais das meninas.
Os exames periciais, realizados pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), testaram mais de cem substâncias químicas, incluindo pesticidas e arsênio, mas os resultados foram negativos. A causa das mortes foi considerada “indeterminada” pelos peritos.
Decisão judicial aponta indícios
Na decisão que manteve a prisão, a desembargadora Viviane de Faria Miranda destacou que a materialidade do crime não se restringe a exames toxicológicos positivos. Segundo ela, a ausência de substâncias letais nos exames não exclui a possibilidade de intervenção externa na causa das mortes.
A investigação apontou que G.D. apresentava transtorno de personalidade e histórico de instabilidade emocional. Também foram encontradas pesquisas sobre substâncias tóxicas no celular dela.
MP sustenta tese de sufocamento
O Ministério Público acredita que as meninas foram mortas por sufocamento. O promotor Marcelo Tubino, coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri, afirmou que há provas concretas que sustentam a acusação. Segundo ele, a análise pericial descartou morte natural e indicou a possibilidade de sufocamento com objeto macio.
O promotor também destacou que G.D. teria feito buscas na internet sobre formas de causar morte, o que reforçaria a tese de crime premeditado.
Defesa contesta decisão
O advogado de defesa, José Paulo Schneider, afirmou que respeita a decisão da Justiça, mas lamenta a manutenção da prisão preventiva de G.D.
— Existem muitas dúvidas a serem resolvidas. Ninguém consegue explicar com certeza o que aconteceu. Há várias hipóteses, mas nenhuma comprovação empírica e científica. Prisão preventiva sem prova de materialidade é questionável — argumentou.
Motivação do crime
O Ministério Público sustenta que o crime foi cometido por ciúmes. A promotoria argumenta que G.D. queria atingir o marido, com quem estava em processo de separação.
No documento da denúncia, o MP afirmou que G.D. “não possuía afeto pelas filhas” e que em 2022 chegou a abandoná-las, levando-as a serem acolhidas em um orfanato. Tanto a polícia quanto o Ministério Público apontam a mulher como a única responsável pelas mortes.
Leia a nota no MP
“O Ministério Público do Rio Grande do Sul reitera que o indeferimento, no mérito, da ordem de HC impetrado pela defesa, com a manutenção da prisão preventiva da mãe das gêmeas mortas em Igrejinha, só reforça a tese acusatória do MPRS, de que os laudos, portanto, não são imprescindíveis à acusação, porquanto existente um vasto e robusto universo de outras provas a sustentar e comprovar a autoria e materialidade da imputação contida na denúncia.”
fonte: GZH