Facções trocam ameaças em letra de funk e fotos
Há quatro anos vem se intensificando a entrada de facções criminosas da região metropolitana em cidades do Vale do Taquari
Pichações em paredes, crimes e homicídios com modo de operação específico já denunciavam a vinda de facções criminossa da capital ao Vale do Taquari há pelo menos quatro anos. Na época autoridades sabiam, mas negavam com medo de causar ainda mais temor à comunidade. Nesta semana áudios que circularam entre os moradores e nas redes sociais mostraram que dois grupos já estão fixados em cidades da região e sim já estão se confrontando entre eles para tomar espaços e pontos de tráficos de drogas.
Assim como em outras cidades a maior pretensão das facções é dominar as cidades onde se instalam e as primeiras atividades são instalar o caos e o terror das comunidades e de seus rivais.
Duas imagens mostram armas, coletes a prova de balas, munições e códigos específicos das facções “Os Manos” e dos “Bala na Cara”, ambas instaladas na cidade de Arroio do Meio. Em um áudio de um integrante de Os Manos, por meio de uma letra de funk, ele ameaça, inclusive com nomes, os rivais e alerta que Boa Vista e Navegantes estão tomados por eles.
Assim como em Arroio do Meio, o mesmo está ocorrendo nas cidades de Encantado e Muçum, com força proporcional.
“14-18-12”, marca dos Manos, com referência a artigos da antiga lei de drogas.
“BNC”, iniciais de Bala na Cara
As facções e o que são
Os Manos foi uma das primeiras facções criminosas formadas por detentos no Presídio Central de Porto Alegre, na década de 1990. Já o Bala na Cara surgiu nas ruas da Lomba do Pinheiro, da Zona Leste. Quadrilhas rivais que estariam perdendo territórios para este grupo formaram a facção Antibala.
Quando chegam nas cidades logo deixam de alguma forma suas marcas. “14-18-12”, marca dos Manos, com referência a artigos da antiga lei de drogas. E o “BNC”, iniciais de Bala na Cara.
Eles disputam por regiões e por pontos de tráfico de drogas e encontraram no Vale do Taquari um grande potencial para comercializarem armas e se fortificarem. O ilegal jogo do bicho é uma das mais novas rendas dos Manos
As famosas “fezinhas” que a população faz todos os dias para tentar a sorte são uma das principais entradas de valores para financiar o tráfico.
Os cigarros contrabandeados
Em Lajeado, as facções estão presentes e são investigadas. Traficantes estariam obrigando os pequenos comerciantes de bairros mais carentes a vender somente cigarros de uma marca específica, trazida em contrabando do Paraguai. Nas ruas, além da tradicional assinatura da facção Os Manos nos muros, encontra-se o logotipo “Grupo R7 filter cigarretes”, para marcar o território.
O uso dos cigarros contrabandeados, vendidos quase à metade do preço dos cigarros legais, é a novidade. A polícia ainda investiga a situação, com o auxílio da Polícia Rodoviária Federal (PRF), mas a suspeita é de que o fomento ao contrabando seja a forma de capitalizar os traficantes locais.
Da redação
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