Conselho Federal de Medicina cassa registro de Leandro Boldrini, envolvido em um dos casos mais conhecidos do RS


Médico condenado pela morte do filho Bernardo perde direito de exercer a profissão
Desde as 9h08 desta sexta-feira (14), Leandro Boldrini está oficialmente proibido de atuar como médico. O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a decisão do julgamento realizado no último dia 11, determinando, por unanimidade, a cassação do registro profissional do condenado pela morte do filho Bernardo.
Decisão do CFM e impacto na carreira de Boldrini
O documento que oficializa a decisão foi disponibilizado no site do CFM. Até então, Boldrini cursava residência médica na área de cirurgia do trauma no Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM), vinculado à Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). No entanto, a instituição ainda não havia recebido comunicação oficial sobre o desligamento do profissional.
A cassação do registro profissional foi uma resposta ao recurso do Ministério Público Estadual contra uma decisão anterior do Conselho Regional de Medicina (Cremers), que havia absolvido Boldrini em um processo ético-disciplinar. Durante o julgamento no CFM, a promotora de Justiça Alessandra Moura Bastian da Cunha sustentou que o médico planejou e usou seus conhecimentos na área para cometer o crime. A atuação do MP nesse tipo de caso e a decisão do CFM são inéditas.
Defesa e possibilidade de recurso
O advogado de Boldrini, Ezequiel Vetoretti, afirmou que entrará com ação na Justiça Federal para buscar a nulidade do processo ético-disciplinar, alegando irregularidades formais. No entanto, o mérito da cassação é definitivo e não pode ser contestado dentro do próprio CFM.
Entenda o caso Bernardo
O crime que levou à condenação de Boldrini aconteceu em 2014, quando Bernardo Uglione Boldrini, de 11 anos, foi dado como desaparecido. Seu corpo foi encontrado enterrado em Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul. O Ministério Público denunciou o pai, a madrasta Graciele Ugulini, além de Edelvânia Wirganovicz e seu irmão Evandro, pelos crimes de homicídio qualificado e ocultação de cadáver.
No primeiro julgamento, realizado em 2019, todos os réus foram condenados. No entanto, a sentença de Boldrini foi anulada em 2021 por questões processuais. Em um novo júri, ocorrido em 2023, o médico foi condenado a 31 anos e oito meses de prisão por homicídio quadruplamente qualificado e falsidade ideológica. Atualmente, ele cumpre pena no regime semiaberto no Presídio Regional de Santa Maria.
Situação dos outros condenados
- Graciele Ugulini, madrasta de Bernardo, segue em regime fechado e poderá solicitar progressão para o semiaberto em 2026.
- Edelvânia Wirganovicz cumpre pena no regime semiaberto, mas está em prisão domiciliar devido à falta de vagas no sistema prisional do RS.
- Evandro Wirganovicz teve sua pena de nove anos e meio extinta em janeiro de 2024 e está em liberdade.
A cassação do registro de Boldrini encerra definitivamente qualquer possibilidade de atuação profissional do condenado como médico no Brasil.
Fonte: GZH