Operação contra abuso infantil prende 49 criminosos


Criminosos abusavam sexualmente de crianças e vendiam os vídeos
A operação Luz da Infância prendeu, até o momento, 49 pessoas criminosos que abusam sexualmente de crianças e/ou vendem o conteúdo pela internet. Só em São Paulo foram 29 prisões. Em Santa Catarina foram oito; no Paraná, quatro; e no Pará, três. Alagoas, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e tiveram, cada um, uma prisão em flagrante. Um dos presos tinha um estúdio onde eram produzidos conteúdos de abuso e exploração de crianças e adolescentes.
Já o Rio Grande do Sul teve dois presos. Em Novo Hamburgo, um homem de 28 anos foi preso. No celular dele, segundo a Polícia Civil, os peritos encontraram um vídeo de sexo explicito envolvendo menores de idade. A residência onde ele mora já havia sido identificada anteriormente e, por isso, foi cumprido um mandado de busca e apreensão no local. Notebooks foram apreendidos.
Já em Pelotas, no sul do Estado, um homem de 50 anos foi detido durante o cumprimento de uma ordem judicial por ter sido flagrado com revólveres ilegais em casa. A polícia conta que ele admitiu usar a internet para compartilhar e possuir vídeos de sexo envolvendo crianças e adolescentes. Na residência, também foram apreendidos notebooks, pen-drives e HDs que passarão por perícia.
Segundo o coordenador de operações cibernéticas da Secretaria de Operações Integradas (Seopi) de São Paulo, Alesandro Barreto, o número de presos deve aumentar até o final do dia, com as diligências que estão sendo realizadas na busca da materialidade desses crimes.
Entre as apreensões há R$ 160 mil em espécie, apreendidos na cidade mineira de Unaí; armas de fogo; veículos e motos de luxo, inclusive uma Land Rover. Também foi sequestrado um imóvel que, segundo Barreto, está avaliado em R$ 300 mil.
Buscas e apreensões estão sendo feitas também na Argentina (províncias de Santa Fé, Entre Rios, La Pampa, Formosa, Mendoza e Missiones), Paraguai (Cidad del Este e Assunción) e nos Estados Unidos ( Knoxville, Nashville, Dallas, Raleigh e Pittsburgh).“Esse tipo de investigação precisa conectar pontos para ser eficaz. Em tempos de interconectividade, as informações trafegam muito rápido. Por isso os policiais precisam se conectar entre si. Muitos criminosos utilizam serviços [de internet] hospedados no exterior. Sem integração, tanto dentro como fora do país, essa luta não vai ser efetiva”, disse Barreto durante coletiva de imprensa.
Pandemia e uso de internet
De acordo com a representante do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil Annie Barreto, o isolamento social decorrente da pandemia tem feito as pessoas ficarem mais em casa, ampliando o tempo de uso da internet.
“Em tempos de pandemia, as crianças ficam mais tempos conectadas, motivo pelo qual os pais têm de ficar mais vigilantes”, disse ela ao sugerir o uso de controles parentais. “A criança raramente conta para os pais sobre os abusos porque, para ela, é até difícil entender o que é abuso. O abusador faz a criança achar que ela está errada. Por vezes até a ameaça. Isso é notado principalmente nos casos em que ele [o abusador] é próximo da família”, disse Annie durante balanço da operação.
Segundo Barreto, desde 2017, 700 pessoas já foram identificadas e presas, durante operações policiais, por esse tipo de abuso.
Luz da Infância
A Operação Luz da Infância 7 foi deflagrada com o objetivo de identificar autores de crimes de abuso e exploração sexual contra crianças e adolescentes praticados na internet no Brasil e em quatro outros países.
No Brasil, a legislação prevê pena que varia de um a quatro anos para quem armazena esse tipo de conteúdo. O compartilhamento de materiais desse tipo pode resultar em penas de três a seis anos; e, no caso de produção de conteúdo relacionado a crimes de exploração sexual, a pena varia de quatro a oito anos de prisão.
A operação cumpre 137 mandados de busca e apreensão em dez estados: Alagoas, Ceará, Goiás, Mato Grosso, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo.