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Como o estilo dos pais pode influenciar na educação e no desenvolvimento infantil dos filhos


Por Redação / Agora Publicado 29/05/2023
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Atualmente, observa-se uma mudança nos papéis dos pais, assim como o padrão tradicional de educação dos filhos passa por novas configurações. Influenciada por diversos fatores, principalmente emocionais e sociais, a configuração familiar, as relações entre os adultos e as práticas educacionais sofreram mudanças significativas. O modelo que existia passou a ser questionado e na contemporaneidade, não existe mais um modelo familiar único.

No modelo anterior, a hierarquia era fechada e rígida. Mas esse modelo também tinha virtudes. O que acontece, muitas vezes, infelizmente, quando se questiona um modelo anterior, para emergir um novo, pode existir a tendência de descartar o que era negativo, mas também o que era positivo. Assim, abre-se mão de uma família que era hierarquizada e repressiva e passa-se para uma família que é demasiadamente permissiva.

Houve ganho? Houve! Passou a existir uma democracia nas relações. Destarte, existe a necessidade de manter a democracia que foi conquistada, e muito bem-vinda, uma vez que a criança pode expressar seus sentimentos e emoções, mas busca-se o respeito, a disciplina, as normas, as regras, as frustrações…

No princípio, a criança é um ser completamente dependente das pessoas e do ambiente a sua volta, incapaz de se comunicar via linguagem verbal. A família, primeira estrutura que a criança encontra – seguida pelos grupos escolares e pela sociedade –, é considerada relevante na contribuição do desenvolvimento e na construção da identidade do indivíduo, meio no qual a criança desenvolve os seus primeiros contatos. Torna-se ponto de partida para a formação do ser humano e é dentro dela que a criança se desenvolve rumo a relacionamentos mais complexos. Objetivando a garantia da independência, da autonomia e da responsabilidade.

Faz parte da educação infantil e do processo civilizador os estilos e práticas parentais. Nos primeiros anos, a responsabilidade de repassar regras, valores e limites que possibilitem o entendimento de como viver em sociedade é responsabilidade dos pais e dos familiares.

Nas gerações passadas esperava-se a submissão das crianças. Atualmente, vivemos a era da informação, na qual emerge a necessidade do questionamento e da argumentação. Reconhecer de forma positiva a capacidade de expressão da criança se faz importante. Ao mesmo tempo, o reconhecimento não pode estar dissociado do respeito à autoridade, importantíssimo para o convívio social.

A percepção clara de regras de convivência, que variam em cada cultura e entre as famílias, propicia à criança reconhecer quais são os seus limites, contribuindo na sua organização mental e na internalização desses limites.

Como podemos perceber os familiares exercem papel significativo no desenvolvimento infantil e na saúde das crianças.

O exemplo tem relevância na assimilação de normas, dando legitimidade e representação ao discurso no estabelecimento de regras e limites. Os familiares precisam ser referência para a criança, emerge com extrema importância que os mesmos, antes de dar limites, deverão tê-lo, caso contrário serão péssimos exemplos para a criança. A tarefa exige que os familiares estejam seguros das suas ações, ajam de forma coerente com o seu discurso e cumpram as promessas que fazem.

A sensação de segurança aparece como fundamental para o estabelecimento das relações afetivas. Os pais que se encontram fragilizados diante da criança, por medo de perder o seu amor ou por culpa, tendem a vacilar e não conseguir impor sua autoridade ou discordar do interesse da criança.

Na relação entre os familiares e a crianças vale investir no diálogo como forma para que educar deixe de ser um fardo pesado de ser carregado e passar a ser uma relação prazerosa para todos. Priorizar uma relação pautada no diálogo e na orientação exige que os familiares confiem no potencial da criança, visando à construção de um ambiente harmônico.

No geral, a criança tende a resistir ao controle, mas, ao mesmo tempo, necessita dele e deixará de protestar quando compreender que os pais não cederão e não farão exceções. Importante que os pais entendam que orientar a criança no caminho do conflito a conduz na busca de conhecimento, uma moral superior. Que substitui o seu conhecimento infantil anterior.

Por outro lado, quando os pais usam do excesso de mimos, proteção e elogios acabam sobrecarregando a criança com a responsabilidade de ser sempre melhor. Bem como, socorrê-la demasiadamente em seus erros e necessidades pode privá-la de ter a compreensão do que é ser responsável.

A criança precisa entender que cometer erros faz parte da condição humana, mas deve também compreender que os mesmos resultam em consequências, que algumas vezes são gravíssimas. Os pais precisam nortear estratégias educativas que propiciem a internalização das normas de modo responsável, estabelecendo laços afetivos de consideração e respeito.

As crianças precisam de limites claros, simples e fáceis de serem entendidos. Além disso, os limites precisam ser justos, coerentes e com consequências quando não cumpridos, para que a criança desenvolva o comportamento responsável.

O estilo parental democrático direciona as atividades de forma racional; incentivam o diálogo; explicam a forma de ação; solicitam as objeções; e exercem firmeza nos pontos de divergência, baseados na perspectiva adulta e sem constranger a criança, reconhecendo que esta possui interesses e maneiras peculiares.

Reconhecer de forma positiva a capacidade de expressão da criança se faz importante. Em contrapartida, o reconhecimento não pode vir dissociado do respeito a autoridade. Assim como a falta de afeto, a falta de regras e limites acaba culminando na falta de respeito e em relações fragilizadas. A percepção clara de regras e responsabilidades na convivência permite que a criança reconheça os seus limites e contribua na sua organização mental, emocional e social.

Diego Rosa Jacobsen
Psicólogo – CRP 07/31812
(51) 9.9899.1640
@diegojacobsen_psico
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