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A SUA MÃE NÃO VAI TE AMAR…


Por Redação / Agora Publicado 17/03/2023
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Você consegue lidar com essa informação?

Antes de continuar a abordar o tema, importante destacar que o assunto é infinito. Assim como o útero é infinito. Trata-se apenas de um recorte. Outro ponto importante: a “Mãe” é apresentada como a representação de uma constituição simbólica. A representação de cuidado. Assim, a “Mãe” pode ser uma mãe, pode ser um pai, uma avó ou um avô, tio, tia, irmã, irmão…

Continuando, quero que você faça um exercício de rememorar um momento do seu passado. Lembra da fantasia da infância, na qual existia o desejo dos pais do seu amigo ou sua amiga serem seus pais? A fantasia está relacionada com a possibilidade desses pais te amarem como você gostaria de ser amado. Fantasia sempre descontruída quando o(a) amigo(a) confidenciava o estilo parental adotado pelos pais dele(a).

Na verdade, a sua “Mãe” não vai te amar da forma que você deseja. Não é que a sua “Mãe” não vai te amar. Apenas, não vai te amar da forma que você gostaria.

Quando você aceita – não há nada mais difícil de aceitar; é a situação mais difícil de se aceitar na vida – que a “Mãe” não vai te amar da forma que você deseja, existe a derivação de duas possibilidades: primeira, não há nada que você faça, que possa fazer, a “Mãe” te amar da forma que você gostaria de ser amado – pode ficar milionário, pode dar a casa ou o carro, pode casar, pode dar neto(a) ou netos(as), pode ficar magro(a)…; segundo, não há nada que você esteja fazendo que possa causar a falta de amor da “Mãe” por você. Não é culpa sua. Não há nada que você esteja fazendo ou deixando de fazer, que gere a incapacidade da “Mãe” te amar.

O desejo de ser amado da forma que você gostaria, vem da necessidade de aprovação. Necessidade de aprovação que começa a ser constituída quando você ainda é um bebê. Algo entre os 6 e 12 meses, após o parto. Você consegue reconhecer a “Mãe”. Então, emerge um desejo, uma necessidade. Podemos usar como exemplo a fome. Nessa fase da vida, você ainda não sabe falar. A “Mãe” está próxima. Às vezes, ela olha para você, mas não identifica o seu desejo, sua necessidade. Às vezes, ela esta fazendo outra coisa, nem está olhando para você. Então, você passa a sentir um desespero, uma angústia, um mal-estar… Neste momento, o que garante a sua existência? A sua “Mãe” olhar para você e atender o seu desejo, sua necessidade – ter afeto positivo por você.

A necessidade de aprovação em relação a sua “Mãe” – não é um delírio, não é carência – é uma ferramenta de garantia de própria existência. Garantia de sobrevivência, para não morrer. Carregamos esta necessidade para o resto da vida. A sensação é que, se a “Mãe” não tiver um afeto positivo – se ela não gostar de mim – eu morro. Literalmente! O próximo estágio desse aprendizado: o que é preciso fazer para ela gostar de mim? O que eu faço para ela me amar?

Neste momento, você deve estar se perguntando: o que eu faço para me livrar, me desfazer disso? Da necessidade de aprovação constante. A resposta: você não se desfaz! Você consegue dissolver, fazer diminuir. Cria ferramentas para sobreviver no mundo sem a “Mãe” – quando ela deixa.

Tem gente que acha que a “Mãe” cuida pouco. Tem gente que acha que a “Mãe” cuida demais. Existem campos conflitivos difíceis de reconhecer. Emergem sentimentos de raiva, ódio, inveja, medo, ciúmes… Nenhuma dessas coisas que você sente, em relação a “Mãe”, você quer reconhecer. Porque todas elas são desagradáveis. Gera desprazer, gera sofrimento. Você tende a esconder. Faz um grande esforço para dar o seu jeito possível de sobreviver e segue em frente. Assim, você automatiza, condiciona a solução.

Posteriormente, bem mais tarde, dificilmente consegue revisar a resposta que encontrou para solucionar o problema. Você entende, mas não consegue agir diferente. Racionalmente, você tem o entendimento, mas o afeto está presente e surge como uma resposta automática para determinado estímulo – gatilho.

Esta é uma das questões que mais aparece nos meus atendimentos clínicos com pessoas. A Psicologia e a Psicoterapia podem te ajudar e são fundamentais no processo de entendimento de quais afetos você está tratando. Você pode, aos poucos, ir dissolvendo o automatismo e condicionamentos imperativos. Procure um ou uma profissional da sua confiança.

Diego Rosa Jacobsen
Psicólogo – CRP 07/31812
(51) 9.9899.1640
@diegojacobsen_psico
@saudementallajeado