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A enchente nos Vales: Como proceder no campo das emoções?


Por Redação / Agora Publicado 15/09/2023
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“É estranho, mas parece que tem no ar um sentimento de pesar, de tristeza (…)”
Essa frase não se tornou marco do setting terapêutico nos últimos dias, mas de falas aleatórias e questionamentos sobre um mal-estar que está sequenciando a comunidade do Vale desde o último dia 05/09. Uma dor coletiva, atravessada de emoções diversas, contrarias e sobretudo, únicas.

A nossa Região foi acometida de um evento catastrófico na última semana. A comunidade está desolada. Triste. Sentimentos de impotência, culpa, pesar e angústia perpassam os discursos, os retornos e até mesmo os abraços. A união da comunidade neste momento é e, está sendo, valida e humanitária. Mas há um luto por ser vivido e uma situação emocional a ser enfrentada.

Emergências, catástrofes e desastres são fenômenos que acontecem de modo imediato e podem desencadear altos níveis de estresse. Isso se dá, especialmente pelo fato de colocarem em risco a integridade do corpo físico e da saúde emocional, exigindo uma resposta rápida e assertiva diante da busca de defesa e segurança. Esses fatores, embora singulares na maneira como são vividos, se presentificaram no grande grupo da nossa comunidade.

Não há uma receita de como proceder. Não há uma maneira única de acolher, até porque, também não há uma uniformidade na forma de sentir. Mas, vale ressaltar da importância, da fundamental importância de recebermos cada depoimento como sendo único. Cada sentimento como sendo verdadeiro, sem diminuir, ou desprezar um em detrimento do outro. Sim, o agravo foi diferente e em diferentes níveis para cada situação e mesmo micro região, mas o sentimento é e sempre será único.

Fique atento ao que podes contribuir. Nem todos nós somos ou estamos aptos para todas as formas de contribuição e solidariedade e acredite, está tudo bem com relação a isso. A soma das nossas contribuições, do nosso apoio, do nosso acolhimento e principalmente do nosso respeito, serão de todo, um grande passo para reconstruirmos, não apenas as belezas da nossa Região, mas todas as belezas que estão dentro de nós.

ATENTE:

Busque ajuda psicológica para si e para os seus. Busque apoio de psicoeducação frente aos sintomas de Transtorno do Estresse Pós Traumático (TEPT), sintomas depressivos maiores, sintomas de ansiedade e tantos outros que possam se fazer presentes;
Observe as crianças no retorno às escolas, os seus discursos e emoções que poderão permear o dia e também se presentificar nos seus retornos para casa;
Fique bem informado, mas não cultive a busca constante de informações sobre o ocorrido, especialmente em fontes que não são seguras;
Abrace os seus. Abrace os outros. Acolha. Silencie se preciso for;
E, por favor, não negligencie, diminua ou compare os sentimentos das pessoas. Não sentimos igual e o que sentimos é importante e único para nós, para nossa vida e para a nossa história.

Um abraço,
Psicóloga Mauri Moraes – CRP 07/26581
Centro Especializado em Saúde Mental