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Violência na infância e Odontopediatria: qual a relação?


Por Redação / Agora Publicado 10/01/2023
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Quando passou a ser considerado normal agredir uma criança, e quais os benefícios que se pode ter através disso? Medo, submissão, ansiedade, adultos agressivos… É isso o que desejamos para as nossas crianças?

Para algumas pessoas parece ser normal ouvir de um adulto para uma criança: “se você não se comportar, vai ver o que vai acontecer em casa”, “se você não obedecer, vai apanhar”.

Para o Odontopediatra não é normal. É inaceitável.

Ultrapassar a linha do estabelecimento de limites para a violência é extremamente perigoso e pode trazer inúmeros prejuízos para o desenvolvimento de uma criança, e inclusive impactar no seu tratamento odontológico.

A escolha desse tema veio a partir de uma notícia que tomou proporções nacionais. Crianças sendo agredidas na praia, pelo próprio pai, pois não “obedeceram” e se perderam na areia. E então vem a minha dúvida e um questionamento: a auto-supervisão seria mesmo responsabilidade de uma criança?

Trazendo agora uma analogia para a Odontopediatria: uma criança que está com doença cárie, nunca foi ao dentista, precisa realizar um tratamento, mas quando chega ao consultório odontológico pela primeira vez está insegura, com medo e não consegue colaborar. O responsável então diz: “se você não deixar a Dra. fazer o procedimento, vai apanhar em casa”, “viu só, quem mandou não escovar os dentes e comer tanto doce”.
A culpa seria mesmo da criança estar nessa situação? Ela estabeleceu sozinha seus hábitos de dieta e alimentação? Apanhar por uma doença, que não é responsabilidade de uma criança prevenir, é mesmo justo? Em outras palavras, agressão na infância em qualquer contexto é justo?

Uma criança insegura, temerosa e que sofre ameaças constantemente provavelmente também terá enormes dificuldades com relação ao atendimento odontológico. Trata-se, muitas vezes, de uma pessoa nova na sua vida, um tratamento pelo qual nunca passou antes, provavelmente já ouviu alguma ameaça como “vou te levar no dentista para arrancar esse dente e vai doer muito”, além de não ter acolhimento e carinho para adquirir confiança. Ainda assim, mesmo que demande um período longo de tempo, o Odontopediatra pode conquistar a segurança dessa criança com relação ao tratamento odontológico.

Mas e os prejuízos psicológicos de uma educação baseada na violência, será que podem ser completamente curados? E o quanto essa criança vai sofrer até conseguir superar tudo isso? Será que algum dia irá superar?

A coluna deste mês não é uma dica, mas sim um apelo. Não violentem suas crianças! A educação com respeito e acolhimento gera seres humanos incríveis para si e para os outros.

O Odontopediatra estará sempre atento, e não aceitará a violência física ou psicológica na infância.

E se você presenciar qualquer tipo de agressão, denuncie. Violência infantil é crime.

Conteúdo escrito por Ana Elisa Draghetti
Cirurgiã-dentista e Pós-graduanda em Odontopediatria
(51) 99952-7812 (clique aqui) Instagram: @anaelisa.odontopediatria