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Desesperança e o lado vulnerável de cada um de nós


Por Redação / Agora Publicado 18/06/2024
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Diante das enchentes em repetição que temos enfrentado em nossa região, qualquer expectativa de nova enchente pode gerar um alto nível de ansiedade, principalmente diante da possibilidade de ser afetado diretamente com perda de referências afetivas, bens materiais ou um ente querido, gerando também insegurança e incertezas quanto ao futuro.

Tenho escutado muitas pessoas falarem em desesperança e, por isso, dediquei a coluna de hoje a esse tema tão delicado e importante de ser falado.
A desesperança é um estado emocional de completa falta de esperança que nos rouba a perspectiva de um futuro, como se o amanhã não pudesse ser melhor que o hoje em nenhuma medida. Há uma falta de expectativa com o amanhã e de sentido nas coisas que se faz no presente.

A falta de esperança, contudo, impede que se façam coisas necessárias para a sobrevivência, tornando-nos apáticos e sem motivação para dar continuidade na vida ou ainda recomeçar e, apesar de geralmente haver uma compreensão de que algo não está certo, a pessoa que sofre geralmente tem uma grande dificuldade em sair desse lugar de apatia e tristeza.

A verdade é que, neste momento, estamos vulneráveis diante de uma situação que não podemos controlar, queremos estar bem e passar segurança às outras pessoas e aos nossos filhos, mas é um pouco difícil se sentir seguro diante do caos porém, se não aceitarmos nossas inseguranças e dúvidas, estaremos ocultando de nós mesmos a fragilidade que existe em todos nós, e é quando aceitamos nossos medos, inseguranças e imperfeições que assumimos também uma postura de alguém forte, pois é preciso força para pedir e aceitar ajuda. Nossas lágrimas não nos tornarão mais fracos, apesar de que muitos de nós fomos ensinados assim, principalmente os meninos. Chorar demonstra que somos humanos, que temos emoções e que podemos colocar para fora o que não nos faz bem, e essa postura vulnerável também ensina, de alguma forma, que está tudo bem chorar ao invés de guardar pra si tristeza e medo.

A desesperança é um dos principais sintomas da depressão, e por isso é fundamental observar se os pensamentos e sentimentos negativos se tornam uma constante. Entre as reações emocionais e comportamentais esperadas, temos a tristeza, a angústia, a raiva, o choro, a falta de apetite ou o excesso dele, e a insônia. As notícias de fortes chuvas ou a própria chuva em si pode gerar uma ansiedade exacerbada e que muitas vezes dá lugar ao desespero. Esse tipo de situação pode aumentar o risco de se desenvolver estresse pós-traumáticos, transtornos de pânico, crises de ansiedade e depressão.

É preciso lembrar que nem todas as pessoas afetadas estão traumatizadas. Porém, cada indivíduo necessitará de um apoio e cuidado singular, visando uma maior estabilidade e reestruturação psíquica.

O que fazer?

Aos primeiros sinais de desesperança, forte ansiedade e/ou angústia, procure ajuda de um profissional da saúde mental para iniciar, se possível, um acompanhamento psicológico, pois ele pode auxiliar na construção de uma visão mais positiva diante da adversidade, diminuindo os riscos de estresse pós-traumático e prevenindo o desenvolvimento de transtornos psicológicos e psicossociais a longo prazo. Combater esse estado emocional de desesperança requer paciência e persistência tanto da pessoa que sofre quanto de quem convive com ela. Estamos juntos!

Natália Witezorek
Psicóloga
Instagram: @natiw.psico