Chupeta: quais os riscos para a saúde bucal e como diminuí-los?


O uso da chupeta pode trazer muitos danos à saúde bucal de uma criança, e esse é um fato já bastante evidenciado na literatura científica.
Entre os riscos para a saúde bucal em decorrência do uso da chupeta, tem-se: a alteração na postura lingual (ao invés de acomodar-se no céu da boca, a língua passa a ficar sempre rebaixada) e, portanto, levando a alterações na mastigação, deglutição, respiração, fala e deformação dos ossos maxilares. À medida em que os ossos se alteram, os dentes também sofrem mudança em seu posicionamento, sendo assim, é modificado o padrão funcional e estético dentário.
O uso de bicos artificiais como a chupeta também pode impactar na amamentação através da confusão de bicos.
Ainda assim, muitas pessoas comentam: “fulano chupou bico até X anos e nunca teve problemas”.
Os danos causados pelo uso da chupeta irão variar de acordo com alguns fatores: a frequência (quantas vezes no dia a criança usa a chupeta), a intensidade (com qual força essa criança faz a sucção) e o tempo (por quanto tempo a criança fica com a chupeta na boca e durante quantos meses/anos de sua vida). Associado a isso, fatores genéticos assumem um papel muito importante, pois cada indivíduo possui um padrão de crescimento facial pré-estabelecido, que influencia diretamente nos resultados do uso ou não da chupeta.
Todas essas e tantas outras informações devem necessariamente ser passadas na consulta de pré-natal odontológico ou do primeiro ano do bebê, para que os pais tomem a sua decisão sobre a oferta da chupeta. Dentro de cada casa, há uma realidade diferente, e entendemos que esse poderá ser um recurso importante para algumas famílias.
Portanto, se a decisão pelo uso da chupeta for para vocês a melhor escolha, saiba que ninguém pode julgá-los. Mas sim, cabe a nós profissionais da saúde, o acolhimento e a orientação.
Se a chupeta for então ofertada, podemos lançar mão de algumas alternativas para diminuir os danos:
- Limite o uso da chupeta somente para os momentos em que ela é o último recurso para acalmar o bebê.
- Após o bebê se acalmar, converse baixinho com ele, explique que a chupeta foi importante, mas que agora ela pode ser removida. Caso o bebê tenha dormido, com calma faça a remoção da chupeta.
- Não acompanhe o tamanho da chupeta de acordo com o crescimento do bebê, mantenha sempre o menor tamanho possível. E não use prendedores que possam fazer ainda maior pressão ao céu da boca.
- Tenha somente uma chupeta disponível para o bebê usar, e evite deixá-la em seu campo de visão.
- Não existe chupeta “melhor” de acordo com a ciência, nem a “menos ruim”. Chupetas ortodônticas, inclusive, podem ser ainda mais prejudiciais pois empurram a língua para trás.
- Quanto maior seu bebê ficar, mais dependente se tornará desse hábito, pois o vínculo irá se intensificando, especialmente após a entrada na escolinha. Se possível, faça a remoção do hábito o quanto antes, com poucos meses de vida, ou até um ano e meio de idade.
- Prepare o seu bebê para que essa remoção seja gradual e respeitosa.
- Para crianças que já possuem um entendimento, plantar a chupeta é uma dica bastante especial. Plantem a chupeta em um vasinho, e coloque no lugar, no outro dia, uma recompensa que seu filho irá gostar (um brinquedinho, por exemplo).
- Remover a chupeta de forma traumática pode ser tão prejudicial quanto manter o hábito. Muito acolhimento, carinho e respeito são indispensáveis nessa fase!
- As visitas periódicas ao Odontopediatra são fundamentais, pois assim conseguiremos acompanhar o desenvolvimento do dentes, ossos e músculos da face perante o uso de bicos e, também, como forma de incentivo para as crianças. Muitas vezes os pequenos conseguem fazer combinados de forma leve e divertida com o seu dentista, deixando o hábito da chupeta de maneira mas fácil do que os pais poderiam imaginar!
O seu filho já tem um Odontopediatra para chamar de seu?
por Ana Elisa Draghetti
Cirurgiã-dentista e Pós-graduanda em Odontopediatria
(51) 99952-7812 (clique aqui) Instagram: @anaelisa.odontopediatria