Ano novo, vida nova. Quando contar sobre a gestação?


A recomendação médica normalmente orienta aguardar 12 semanas para contar que há um bebê a caminho, mas será que essa recomendação faz sentido?
Seguir essa recomendação poderia ser simples, no entanto não é fácil manter um segredo em meio à felicidade e ao turbilhão de sentimentos de gerar uma nova vida.
Disfarçar os sintomas iniciais da gestação também não é algo tranquilo, afinal é nessa fase que os hormônios provocam os sintomas mais conhecidos sobre a gravidez: enjoos, sonolência, cansaço, sensibilidade nas mamas, dentre outros.
Mas há um sintoma principal que alimenta esse sigilo: o medo de perder o bebê.
É importante considerar que esse período de silêncio foi estabelecido em grande parte pelas evidências médicas, que apontam que o risco de aborto espontâneo é maior no primeiro trimestre. A partir da 12ª semana, o risco reduz.
No entanto, o silêncio pode deixar a mãe desamparada no momento em que ela mais precisa, sufocando a alegria para anular a possibilidade da dor.
A espera para contar é uma recomendação técnica, e a gestação é uma vivência afetiva. Do ponto de vista da medicina, é indiscutível que há maiores riscos no começo. Mas, esse bebê já existe desde o momento em que se confirma a gravidez.
Muitas situações fogem ao nosso controle e um aborto raramente encontra acolhimento. Nossa sociedade não é habituada a falar sobre essa perda, e ela precisa ser elaborada com apoio, amparo e cuidado.
Portanto, não há um momento ideal para anunciar a espera de um filho, e também não há um período totalmente seguro, com garantias de que tudo vai dar certo: nem agora, nem depois que o bebê nascer. A chegada dos filhos ao mundo é uma entrega.
Entregue-se ao novo, viva a sua experiência da melhor forma. Você já se transformou em outra desde que iniciou a gestação, feliz vida nova!
por Maria Júlia Lohmann Wagner
Psicóloga
Especialista em terapia cognitivo-comportamental e terapia do esquema
Instagram: @maju.psi

