Alimentação de bebês em situações de calamidade, como fazer?


Neste cenário desafiador que estamos vivendo, existe mais uma situação preocupante: a alimentação dos bebês. Por isso, na coluna de hoje, trago informações importantes em relação a todos os tipo de alimentação que as crianças pequenas podem estar submetidas e a melhor forma de preparar cada uma delas.
O leite materno sempre será a melhor alimentação para os bebês. De forma exclusiva até o sexto mês e complementado até dois anos ou mais. Se uma criança que chega à um abrigo mama ao seio de maneira exclusiva, devemos continuar apoiando e protegendo a amamentação do binômio mãe-bebê. De forma alguma a fórmula deve ser oferecida como complemento. Caso seja referida alguma dificuldade, primeiro deve ser feito o manejo da amamentação. Muitas consultoras em amamentação disponibilizaram atendimentos sociais nesse momento de crise. As mulheres que amamentam devem ser encorajadas a seguir amamentando, pois o leite materno confere proteção imunológica para essas crianças, além de ser seguro e gratuito, pensando em custo de preparo.
Caso o bebê já chegue ao abrigo com amamentação mista (amamentado ao seio e recebendo fórmula infantil) ou somente com fórmula, alguns cuidados são importantes: os bebês de 0 a 6 meses devem receber fórmula infantil de partida (conhecidas como fórmula 1), já as crianças de 6 a 12 meses devem receber fórmulas de seguimento (a fórmula 2). A partir de 1 ano de idade, a criança já pode receber o leite de vaca integral, que inclusive facilita o manejo nesse momento, pois não precisa de água para diluição.
O preparo das fórmulas merece atenção especial para evitar contaminações e infecções.
• Em primeiro lugar, é importante seguir as quantidades de pó e água para reconstituição indicadas no rótulo do produto;
• Antes de iniciar o preparo, é necessário lavar bem as mãos;
• O local de preparo (bancada, pia, mesa…) deve estar limpo;
• Para o preparo da fórmula infantil, a água deve ser fervida por 5 minutos (contados a partir do borbulhar), na quantidade necessária para o horário. Águas engarrafadas (minerais) também devem ser fervidas. O pó deve ser misturado em água bem quente para evitar contaminação. Para isso, após a fervura da água, deve-se esperar, no máximo, 15 minutos para colocar o pó. Atenção: não misture o pó na água enquanto ela estiver fervendo, para evitar que ocorram mudanças na composição da fórmula.
Caso você deseje doar leites artificiais para crianças que estejam precisando, tenha atenção: fórmula infantil é diferente de composto lácteo, esse último é mais barato, mas não é a alimentação adequada para bebês. Para evitar confusão, leia a descrição na parte inferior da lata, que deve referir “fórmula infantil”.
Em algumas situações que a criança não seja amamentada ao seio e não tenha acesso a fórmula infantil, o leite de vaca integral pode ser utilizado como alternativa de alimentação. A composição do leite de vaca não é adequada para os bebês, por isso, de 0 a 4 meses, caso a criança precise receber leite de vaca, o mesmo deve ser diluído devido ao excesso de proteína e eletrólitos que fazem sobrecarga renal. A diluição deve ser feita da seguinte maneira: 2/3 de leite fluido + 1/3 de água fervida. Por exemplo: para 100 mL de leite pronto, devem ser utilizados 70 mL de leite de vaca integral + 30 mL de água fervida = 100 mL de leite para o bebê. Se for possível, é indicado adicionar 1 colher de chá de óleo de soja para 100 mL de leite preparado.
O momento demanda muita atenção e cuidado com as nossas crianças. Se você pode, não deixe de fazer sua doação para que consigamos sair dessa o quanto antes.
Essas informações objetivam principalmente sanar dúvidas e auxiliar quem está ajudando as famílias abrigadas. Para conversar mais sobre esse tema e outros, consulte uma nutricionista materno infantil e que logo todas estejamos em segurança novamente!
por Bianca Grandi
Nutricionista especialista em Nutrição Materno infantil
Mestranda em Pediatria e Saúde da Criança
51 999090816
Instagram: @nutribiancagrandi

